No início do Kensan, ouve uma apresentação de cada um, intenções e motivos de estar aqui, de participar dessa semana de Kensan. Nas reuniões foram colocados diversos temas. Ouvindo, pensando e falando sobre eles, tinha a impressão de estar tentando descobrir algo nos temas, como se tivesse uma “resposta”.
Percebia como se cada pessoa do grupo estivesse procurando dentro de si, como os fatos eram captados, passo a passo, cada segundo de percepção se desdobrava em inúmeras ações. Ainda assim as perguntas não cessavam, o que, na minha percepção, indicava que ainda dava para procurar mais.
Nesse processo, fazia um esforço em buscar clarear como se via, como se ouvia, o que de fato estava sendo visto e ouvido... e ainda assim, existia uma lacuna entre o momento que foi visto ou ouvido e quando foi percebido e interpretado. Sei que quando vejo algo... vejo uma imagem e não o fato em si, mas essa compreensão é uma racionalização e a percepção de que estou vendo o fato lá fora é algo muito forte.
O grupo trabalhava nas mesmas questões, cada um falando sobre suas percepções. Eu captava o que entendi do que o Milton traduziu, isto é, a captação e interpretação da tradução da captação e interpretação. Percebia o grupo trabalhando junto, cada um com seu pensamento, fazendo parte da construção de uma idéia com vários pensamentos. A pia baixa da Tomo chan, do filho que ficou feliz em vê-la, o futon pesado da Yoko san, as imagens que parecem grudadas no fato observado e muitas outros questionamentos vivenciados no grupo fizeram parte de algo que entendo como a evolução de um processo onde vai ficando claro que nada é tão “claro” ou óbvio assim. Ouvindo os outros e lembrando de situações semelhantes... a pia que acho baixa, outra que nem penso sobre ela... fui percebendo, durante a semana, que por ver as coisas com meu ponto de vista, penso nelas a partir da relação entre eu e as elas... as flores do parque que estavam em maior quantidade naquele penultimo dia... é muito provável que já estavam lá no dia anterior e eu simplesmente não tinha observado.
No fim último dia dessa semana de Kensan, observei que ouvia as opniões das pessoas como se fosse parte da mesma idéia e não mais como o pensamento de cada um (embora fosse). Estava ouvindo e sentindo a construção de “uma idéia” em grupo, onde o pensamento de cada um era, as vezes complementar, as vezes a visão de um explicava o ponto de vista do outro, mas tudo dentro uma grande idéia, não via mais como um conjunto de diversas opniões. Sinto que a construção em grupo conduziu a um processo, onde não se tem um ponto para alcançar, mas vivenciar o próprio processo em si. Perceber como estou percebendo, ver como estou vendo, a imagem grudada no fato... se revelaram como temas que hoje sinto vontade de continuar investigando.
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